Senhores
pais, vale a pena ler.
Com carinho
Professora Daniela Paula Pivoras
Recentemente
um grupo de crianças pequenas passou por um teste muito
interessante. Psicólogos propuseram uma tarefa de média
dificuldade, mas que as crianças executariam sem grandes
problemas. Todas conseguiram terminar a tarefa depois de certo tempo. Em seguida, foram divididas em dois grupos. O grupo A foi
elogiado quanto à inteligência. Uau, como você é inteligente?,
Que esperta que você é?, Menino, que orgulho de ver o quanto
você é genial? ... e outros elogios à capacidade de cada
criança. O grupo B foi elogiado quanto ao esforço.
Menina, gostei de ver o quanto você se dedicou na
tarefa?, Menino, que legal ter visto seu esforço?, Uau,
que persistência você mostrou. Tentou, tentou, até
conseguir, muito bem? ... e outros elogios relacionados
ao trabalho realizado e não à criança em si. Depois
dessa fase, uma nova tarefa de dificuldade equivalente à primeira
foi proposta aos dois grupos de crianças. Elas não eram obrigadas
a cumprir a tarefa, podiam escolher se queriam ou não, sem qualquer tipo de consequência. As respostas das crianças
surpreenderam. A grande maioria das crianças do grupo A
simplesmente recusou a segunda tarefa. As crianças não queriam
nem tentar. Por outro lado, quase todas as crianças do
grupo B aceitaram tentar. Não recusaram a nova tarefa. A
explicação é simples e nos ajuda a compreender como
elogiar nossos filhos e nossos alunos. O ser humano foge
de experiências que possam ser desagradáveis. As
crianças inteligentes não querem o sentimento de
frustração de não conseguir realizar uma tarefa, pois isso pode
modificar a imagem que os adultos têm delas. Se eu não conseguir,
eles não vão mais dizer que sou inteligente. As esforçadas não
ficam com medo de tentar, pois mesmo que não consigam é o esforço
que será elogiado. Nós sabemos de muitos casos de jovens
considerados inteligentes não passarem no vestibular, enquanto
aqueles jovens médios obterem a vitória. Os inteligentes confiaram demais em sua capacidade e deixaram de se preparar adequadamente. Os outros sabiam que se não tivessem um excelente
preparo não seriam aprovados e, justamente por isso, estudaram
mais, resolveram mais exercícios, leram e se aprofundaram melhor em cada uma das disciplinas. No entanto, isso não é tudo. Além dos
conteúdos escolares, nossos filhos precisam aprender
valores, princípios e ética. Precisam respeitar as
diferenças, lutar contra o preconceito, adquirir hábitos
saudáveis e construir amizades sólidas. Não se consegue nada disso
por meio de elogios frágeis, focados no ego de cada um.
É preciso que sejam incentivados constantemente a agir assim. Isso
se faz com elogios, feedbacks e incentivos ao comportamento
esperado. Nossos filhos precisam ouvir frases como: Que bom que
você o ajudou, você tem um bom coração, Parabéns meu filho por
ter dito a verdade apesar de estar com medo, você é ético?,
filha, fiquei orgulhoso de você ter dado atenção àquela menina
nova ao invés de tê-la excluído como algumas colegas fizeram. Você é solidária, isso mesmo filho, deixar seu primo brincar com
seu videogame foi muito legal, você é um bom amigo. Elogios
desse tipo estão fundamentados em ações reais e reforçam o
comportamento da criança que tenderá a repeti-los. Isso não é
tática paterna, é incentivo real. Por outro lado, elogiar
superficialidades é uma tendência atual. Que linda você é amor,
acho você muito esperto meu filho, Como você é charmoso, que
cabelo lindo, seus olhos são tão bonitos. Elogios como esses
não estão baseados em fatos, nem em comportamentos, nem em
atitudes. São apenas impressões e interpretações dos adultos.
Em breve, crianças como essas estarão fazendo
chantagens emocionais, birras, manhas e charminhos.
Quando adultos, não terão desenvolvido resistência à
frustração e a fragilidade emocional estará presente.
Homens e mulheres de personalidade forte e saudável são
como carvalhos que crescem nas encostas de montanhas. Os
ventos não os derrubam, pois cresceram na presença deles. São
frondosos, copas grandes e o verde de suas folhas mostra vigor,
pois se alimentaram da terra fértil. Que nossos filhos recebam o
vento e a terra adubada por nossa postura firme e carinhosa.
MARCOS
MEIER é mestre em Educação, psicólogo, escritor e
palestrante. Seus textos encontram-se no site
www.marcosmeier.com.bre
seus livros no www.kapok.com.br.